29 junho 2020

IGREJA REINO DE DEUS: porque ser igreja é ser agência do Reino de Deus!

“Indagado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus lhes respondeu: O Reino de Deus não vem com visível aparência. Nem dirão: Ele está aqui! Ou: Lá está ele! Porque o Reino de Deus está entre vocês”. 
Lucas 17.20-21 







INTRODUÇÃO

- Nesses dias onde os templos foram fechados, os eventos públicos cancelados, e as atividades presenciais impedidas, tornou-se evidente o entendimento de uma grande parte dos cristãos sobre o que é a Igreja;

- Para muitos: as igrejas estão fechadas e, por isso, precisam realizar seus cultos e encontros online! Mas, “não vemos a hora da Igreja abrir e podermos voltar novamente a cultuar com nossos irmãos”!

- Em uma pesquisa recente, os entrevistados foram perguntados sobre qual o primeiro lugar para onde iriam tão logo acabasse o isolamento social, e a resposta da maioria foi: para a Igreja!

- Para que nossa reflexão aqui seja clara e nos permita entender e aplicar as verdades bíblicas, é preciso resgatar dois princípios básicos sobre o que a Bíblia ensina quanto ao SERMOS IGREJA:



1º) IGREJA SÃO PESSOAS E NÃO O PRÉDIO!

"Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome ali eu também estarei".

"Porque, embora sejamos muitos membros, somos um só corpo em Cristo".

"Cumprimentem Áquila e Priscila, e à Igreja que se reúne em sua casa".

“E não deixemos de nos reunir, como fazem alguns, mas, encorajemo-nos mutuamente, sobretudo agora que o dia está próximo”. Hebreus 10.25

- A Igreja é um organismo vivo, em constante movimento, formada por pessoas transformadas pelo Evangelho cujas vidas são instrumentos d'Ele no cumprimento da Sua Missão.

- Igreja não é algo do tipo fastfood espiritual onde vamos sempre que precisamos de um alimento ou bebida para a alma.

IGREJA NÃO É ONDE VAMOS, MAS, QUEM SOMOS!!! 


2º) A IGREJA NÃO É UMA PRESTADORA DE SERVIÇO RELIGIOSO.

"Assim como o Pai me enviou, eu envio vocês".

“Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, eu os escolhi e
os designei para que vão e deem fruto, e o fruto de vocês permaneça,
a fim de que tudo o que pedirem ao Pai em meu nome, ele lhes conceda”.

“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes
daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.

“Ora, tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação. Portanto, somos embaixadores em nome de Cristo,
como se Deus exortasse por meio de nós”.

VERDADES BÍBLICAS SOBRE QUEM É A IGREJA

- Igreja não é algo do tipo posto de combustível espiritual onde vamos semanalmente para reabastecer o tanque para gastarmos ao longo dos dias da semana. Imagina como deve ter ficado o tanque de alguns por causa dessa Pandemia, hein?

- Partindo desse primeiro princípio bíblico (Igreja são pessoas!), podemos aprofundar a reflexão e entendermos que:

- Adoração não é aquele momento de cânticos conduzido por uma equipe de música durante a programação dos cultos no templo, mas, um estilo de vida que adora a Deus em espírito e em verdade (João 4.23-24). Aquilo é bom, mas, adorar é essencial!

- Culto não é uma programação litúrgica conduzida por um dirigente, com a participação de alguns escolhidos, e assistido pela congregação, mas, é a entrega de vida em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus todos os dias, em todos os lugares (Romanos 12.1-2). Aquilo é importante, mas, cultuar é essencial!

- Jejum não é ficar sem comer em nome da fé, mas, dedicar-se à prática da justiça (Isaías 58.3-12). Aquilo pode ser pedagógico, mas, jejuar é essencial.

- Louvor não são músicas cantadas num templo, mas, o fruto dos lábios que confessam a Jesus na vida. Hebreus 13.15

- Piedade não é um estilo de vestimenta ou mesmo de entonação da voz, mas, a intimidade com Deus evidenciada em atos santos de quem vive em novidade de vida (Mateus 6.6).

- Amor ao próximo não é caridade, mas, fazer-se próximo do caído, impulsionado, sim, pela compaixão, mas, envolvendo-se com o outro guiado em sabedoria dada pelo Espírito (Lucas 10.25-37).

- Ser igreja não é prestar serviços religiosos de oração, leitura da bíblia, cultos e outros tipos de eventos e programas, mas, ser sal da terra que só serve se salgar; ser luz do mundo, que só serve se iluminar; ser amor que só existe se for de fato e de verdade.

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Essas duas verdades devem nos fazer refletir quanto à nossa identidade como IGREJA:

- Parecer mais com Jesus precisa ser o foco principal, a busca; a tradição, o histórico, o currículo, a experiência, e tudo mais que é humano, carnal e temporário devem ser filtrados, e se preciso for, cravados na Cruz de Cristo.

- Investir em pessoas deve ser a prioridade: o templo, o prédio, as estruturas institucionais, e tudo mais que não levaremos para a eternidade tem que vir depois! E isso, tanto a nível institucional como pessoal e familiar.

Mas, a proposta aqui é refletirmos sobre Ser Igreja Reino de Deus, o que implica em também pensar e pontuar quanto a esse reino, falado por muitos, porém, desconhecido da maioria.


VERDADES TEOLÓGICAS SOBRE REINO DE DEUS

Há algumas verdades teológicas sobre o Reino de Deus fundamentais que precisamos aprender ou reforçar:

· O RD é a mensagem central do ministério de João Batista, de Jesus, e dos Apóstolos.

- Mateus 3.2; 4.17; 10.7.

· O RD não é desse mundo.

- "Disse Jesus: o meu Reino não é desse mundo!"

- João 18.36

· O RD é manifesto no mundo com poder e não com palavra.

- 1ª Coríntios 4.20

- Mateus 10.7-8

· O RD se apresenta na dialética: agora e ainda não.

- Mateus 10.5-8; 12.28

- Mateus 25.31-33

· O RD não é comida nem bebida, mas, paz, justiça, alegria no Espírito e edificação mútua.

- Rm 14.17-19

· O RD é inclusivo, porém, exigente.

- Mateus 11.25-30; 21.43; Lucas 9.62; Mateus 7.21


IGREJA REINO DE DEUS

Posto os fundamentos, podemos pensar em algumas características dessa IGREJA REINO DE DEUS:

1) Igreja REINO DE DEUS é transitória, peregrina, em movimento, porém, com rota e destino definidos!

- "Sou forasteiro aqui, em terra estranha estou, do Reino lá dos céus, Embaixador eu sou".

- Em movimento, ou seja, em Missão, não há nem tempo, nem espaço para outras ações e pensamentos que não A MISSÃO e tudo que diz respeito a ela.

- Sejamos igreja peregrina, sim, mas, focados exclusivamente na Missão!


2) Igreja REINO DE DEUS é atuante no Hoje, motivada pelo Ontem, certa do Amanhã.

- O campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do Reino - disse Jesus! Este campo está branco, pronto para a ceifa, e ainda, quem não põe a mão no arado não está apto para esse Reino.

- Os evangélicos dos tempos de Jesus foram repreendidos por ele porque não produziam os frutos do Reino, e por isso lhes disse que este Reino seria dado a um outro povo que frutificaria.

- As bandeiras da PAZ, da JUSTIÇA, da ALEGRIA, do DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO, são bandeiras do Reino, e a Igreja é quem deve fazê-las tremular onde estiver.


3) Igreja REINO DE DEUS é porta-voz e testemunha viva do Evangelho do Rei.

- A boca fala do que está cheio o coração.

- Precisamos alinhar nosso discurso de transformação de vidas, com nossa vida transformada;

- Precisamos alinhar nossas crenças no poder de Deus, nos dons do Espírito, na verdade das Escrituras, com uma vida marcada por atos do poder de Deus, pelo fruto do Espírito, pela obediência visível da Palavra.

- Somos agência do Reino, e não uma prestadora de serviços religiosos. Disto o mundo está cheio - no duplo sentido.


4) Igreja REINO DE DEUS busca, se preocupa, investe e discipula pessoas.

- É mais que apenas anunciar; é se envolver!

- É mais que conquistar almas, é o Evangelho todo, para o Homem todo, para todo Homem, em todos os lugares.

- É além das 4 Leis Espirituais; é até que se torne espiritual.

- Precisamos priorizar o Reino, sem esquecer que antes, é preciso arrepender-se, fazer meia volta-volver, buscar e andar segundo os propósitos daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz!

- Precisamos fazer discípulos do Mestre porque SOMOS DISCÍPULOS DELE.


CONCLUSÃO

- A Pandemia vai passar e as lições precisar ser aprendidas;

- Que as comunidades onde estamos inseridos sintam nossa falta como alguém que está no apagão e deseja que a luz volte logo! Não porque o templo está fechado, mas, porque o convívio social está limitado.

- Que paremos uma vez por todas de almejar ir à Igreja porque já somos ela com e sem pandemia, com e sem templo, com e sem tecnologias digitais.

- Que o Evangelho do Reino seja nossa mensagem principal, e os sinais e as marcas desse reino visíveis em nós e através de nós!


DEUS NOS ABENÇOE!

20 junho 2020

Somos Cooperadores do Reino

“Portanto, nós, como companheiros de trabalho no serviço de Deus, 
pedimos o seguinte: não deixem que fique sem proveito a graça de Deus, 
a qual vocês receberam”. 

2ª Coríntios 6:1 





INTRODUÇÃO 

O que é Cooperação?

Certamente não é, como alguns erroneamente dizem: “nossa parte” no tocante à Salvação. Esta é exclusiva da Graça Divina, em nada necessitando de nossa “cooperação”. Já em 1689, nos diz a Confissão de Fé Batista: 

O Espírito graciosamente leva o pecador eleito a cooperar, a crer, a arrepender-se, a vir livre e voluntariamente a Cristo. 

A Cooperação proposta pelo texto bíblico, e da qual tratam nossos princípios e essa reflexão, diz respeito não ao ato da salvação ou para a salvação, mas ao processo oriundo e contínuo resultante da salvação, ou seja, a santificação e o aperfeiçoamento dos Santos. É sobre o que desenvolvemos enquanto somos salvos, dia-a-dia, na expectativa iminência da volta de Cristo! 

Cooperação pode ser entendida por operar com! Isto nos leva a pensar em partilha no ônus e não apenas nos bônus; sobre distribuir o peso do piano enquanto o carregamos e é tocado, ao invés de fazê-lo só; assim, somos desafiados pela compreensão da palavra que nos desafia à Obra, porém, unidos com os outros que, de igual modo, tem o mesmo propósito de vida. 

Ao longo da História o princípio da Cooperação é uma marca distintiva dos cristãos, especialmente entre os Batistas! 

Encontramos escrito no preâmbulo da nossa Declaração Doutrinária: 

Caracterizam-se também os batistas pela intensa e ativa cooperação entre suas igrejas. Não havendo nenhum poder que possa constranger a igreja local, a não ser a vontade de Deus, manifestada através de se Santo Espírito, os batistas, baseados nesse princípio da cooperação voluntária das igrejas, realizam uma obra geral de missões, de evangelização, de educação teológica, religiosa e secular, de ação social e de beneficência. Para a execução desses fins, organizam associações regionais e convenções estaduais e nacionais, não tendo estas, no entanto, autoridade sobre as igrejas; devendo suas resoluções ser entendidas como sugestões ou apelos.

E diz ainda, no capítulo VIII – Sobre a Igreja: 

As igrejas devem relacionar-se com as demais igrejas da mesma fé e ordem e cooperar, voluntariamente, nas atividades do reino de Deus. 


I) DIFERENTES NÍVEIS DE COOPERAÇÃO NO REINO. 

1º) Nível Pessoal – Indivíduo para Indivíduo. Ex: Bom Samaritano! 

2º) Nível Familiar – Círculo de Intimidade. Ex: Marta, Maria e Lázaro! 

3º) Nível Eclesiástico – Igreja Local. Ex: Instituição dos diáconos 

4º) Nível Comunitário – Mesma Fé e Causa. Ex: Igrejas da Macedônia 


II) PRINCÍPIOS INEGOCIÁVEIS QUANDO SE TRATA DE COOPERAÇÃO. 

1) Fomos feitos em Cristo para Cooperar! 

2) A Cooperação deve ser evidenciada em todos os seus níveis! 

3) A maturidade cristã deve nos levar ao aprofundamento em todos os níveis de Cooperação! 


III) PERIGOS QUANDO DEIXAMOS DE COOPERAR. 

1) Nos distanciamos do propósito de Deus para nossas vidas! 

a. “Não é bom que o homem esteja só!”. 

b. “Fazei discípulos de todas as nações!”. 

c. “Estavam sempre juntos e tinham tudo em comum”. 


2) Deixamos de focar o mais importante! 

a. Deixamos de prosseguir olhando firmemente para o alvo! 

b. Invertemos as prioridades do Reino! 

c. Trocamos os valores do Reino! 


3) Nos tornamos vulneráveis e suscetíveis às ciladas diabólicas disfarçadas! 

a. Em movimentos tabajaras! 

b. Na manutenção dos ‘poderes’ deste mundo! 

c. Na omissão (silêncio) dos ‘bons’! 


4) Nos isolamos uns dos outros! 

a. Transformamos Autonomia em Independência! 

b. Quando muito, inchamos! 

c. Na pior seguiremos no curso do mundo: antes só do que mal acompanhado! 


IV) BENEFÍCIOS DA COOPERAÇÃO. 

1) Experimentamos realização plena do porque existimos! 

a. Vemos a Glória de Deus! (Estevão) 

b. Somos bênção a todas as pessoas! (Abraão) 

c. Temos a certeza empírica do amor de Deus! (Jó) 


2) Somamos para saúde do Corpo todo, inclusive da nossa! 

a. Exalamos vitalidade, disposição, ânimo! (Isaías 40) 

b. Experimentamos qualidade de vida! (Atos 2,4) 

c. Participamos do nosso crescimento! (Efésios 4:15) 


3) Nos mantemos dentro da vontade de Deus para nossas vidas! 


4) Nos aproximamos uns dos outros ao ponto de tornarmo-nos cada vez mais fortes. 


PIQUENIQUE DAS TARTARUGAS 

Uma família de tartarugas decidiu sair para um piquenique. 

As tartarugas, sendo naturalmente lentas, levaram sete anos para se prepararem para seu passeio. 

Finalmente a família de tartarugas saiu de casa para procurar um lugar apropriado. Durante o segundo ano da viagem encontraram um lugar ideal! 

Por aproximadamente seis meses limparam a área, desembalaram a cesta de piquenique e terminaram os arranjos. Então descobriram que tinham esquecido o sal. Um piquenique sem sal seria um desastre, todas concordaram. 

Após uma longa discussão, a tartaruga mais nova foi escolhida para voltar em casa e pegar o sal, pois era a mais rápida das tartarugas. A pequena tartaruga lamentou, chorou, e esperneou. Concordou em ir, mas com uma condição: que ninguém comeria até que ela retornasse. A família consentiu e a pequena tartaruga saiu. 

Três anos se passaram e a pequena tartaruga não tinha retornado. Cinco anos... Seis anos... Então, no sétimo ano de sua ausência, a tartaruga mais velha não agüentava mais conter sua fome. Anunciou que ia comer e começou a desembalar um sanduíche. Nesta hora, a pequena tartaruga saiu de trás de uma árvore e gritou: 

- Viu! Eu sabia que vocês não iam me esperar. Agora que eu não vou mesmo buscar o sal. 



CONCLUSÃO 

Ressalvados os exageros, às vezes nos comportamos exatamente assim. Ao invés de fazermos diferença, sermos relevantes, proativos, apontarmos soluções, colaborarmos com os resultados, preferimos permanecer no anonimato, cheios de desconfiança, medo e incredulidade, e ainda, achamos que estamos cobertos de razão! 

Somos chamados a cooperar com Deus! Não que Ele precise ou dependa de nós ou de nossa ajuda. Mas, como um convite intencional daquele que está em Missão, trabalhando até agora, reconciliando consigo mesmo todas as coisas e nos escolheu, nos chamou, nos vocacionou para participar com ele da obra de redenção! 

Quem você é no Reino: um cooperador ou uma tartaruga?

(Mensagem inicialmente compartilhada na Fundação da Associação Oeste da Convenção Batista do Planalto Central e posteriormente adaptada).

13 junho 2020

A MENSAGEM DE MATEUS 24.14

Meu desejo em compartilhar essa mensagem com você é para que a verdade que me saltou aos olhos quanto à urgência, atualidade e seriedade do mandato missionário contidas nesse texto bíblico e os que se seguem a partir dele, de alguma forma contribua para ampliar sua visão, fundamentar suas ideias e impulsionar suas ações.

Normalmente quando preguei essa mensagem a iniciava desafiando cada ouvinte com a frase:
JUNTOS ATÉ O FIM!

Esse é o meu desejo e desafio pra você!




06 junho 2020

Martírio Cristão: mexendo com os alicerces da fé!

ΠΡΑΞΕΙΣ ΑΠΟΣΤΟΛΩΝ 1:8)


Não são muitos os textos bíblicos que tratam sobre o martírio de cristãos. É a tradição quem melhor preserva muitas das histórias uma vez que vários deles foram os próprios escritores do NT. Pensando aqui me recordo de João Batista, Jesus, Estêvão e a citação da galeria da fé em Hebreus 11:35-38 (muito embora a referência aqui é possivelmente aos fiéis do AT, com alguma possibilidade de inclusão já dos cristãos que sofriam o início da perseguição que se seguiu após Estêvão). No entanto, são incontestáveis as narrativas do calvário de Jesus e do martírio de Estêvão!

Ao longo da história da Igreja não são poucos os relatos preservados em tinta e papel. Mas, foi nas duas décadas passadas que passamos a assistir a perseguição aos cristãos protagonizados por grupos radicais como o autodenominado Estado Islâmico (EI) e o Boko Ahram. Me recordo de ter lido uma matéria sobre filhos de cristãos enjaulados e ameaçados de serem queimados vivos e publicado em minhas redes sociais uma coletânea de textos bíblicos com palavras de Jesus e Paulo onde o ensino, diante desse contexto, é de armar-se de amor! Me lembro também de ter assistido ao martírio de alguns dos nossos irmãos na fé que estavam presos, foram torturados e mortos por integrantes do EI. Cenas fortes. Impactantes! Após um tempo de silêncio, lágrimas, e oração não saiu da minha memória a via dolorosa do Senhor, e o apedrejamento de Estêvão. E, ao menos, uma similaridade com os mártires da última hora: "como ovelha muda..." - Isaías 53:7-8, citado por Lucas em Atos 8:32-33. E uma questão: o que os fez agir assim diante da morte?

Cheguei a algumas respostas, mas antes, gostaria de lhe sugerir reler estas passagens bíblicas, (se tiver coragem, assistir aos videos) e buscar, rebuscar e aprofundar suas próprias respostas. Para mim, essa é a âncora, deles e também nossa: Hebreus 12.1-3!

Nas narrativas bíblicas, nas histórias preservadas pela tradição, ou ainda, nos relatos contemporâneos, alguns fatos me parecem comuns:
  • A morte para o cristão não é o fim e a experiência do martírio não só não rouba essa certeza, como parece confortar e dar segurança pela via dolorosa;
  • A comunidade cristã é abalada emocionalmente, sofre, chora, sente a perda, entra em choque pela forma, mas, ainda que perseguida e espalhada, sua fé não só é fortalecida, como tem sua proclamação impulsionada, alastrando-se por onde passam, alcançando e gerando mais vida;
  • O martírio cristão não produz desejo de vingança! Não apenas pelo ensino bíblico de que "a vingança pertence ao Senhor" (Romanos 12.19 e Hebreus 10.30), mas principalmente porque o sofrimento e a morte por causa do Evangelho são entendidos como o auge da identificação do discípulo com o Mestre, produzindo contentamento e ampliando a certeza de se estar no Caminho!

"E vocês serão minhas testemunhas [mártires] tanto em Jerusalém, como na Judeia, Samaria e até os confins da terra!"
Atos 1:8

O empoderamento realizado pelo Espírito torna os seguidores de Jesus aptos a darem suas vidas por Cristo, seja do outro lado da rua ao outro lado do Mundo. É bem verdade que a atual situação de Pandemia não se caracteriza em perseguição, e as perdas sofridas não o são por causa de Cristo, mas, o enfrentamento à morte, sem dúvida alguma, mexe com os alicerces da fé talvez tanto quanto o próprio martírio! E essa similaridade vivenciada "pelo vale da sombra da morte" nos permite analisar a maneira que o ensino bíblico e a tradição cristã tratam o tema da morte, e assim, aplicar aos nossos dias as verdades que respondem, acalentam, consolam, fortalecem, enchem de coragem, contentamento e ânimo em meio à perda, à injustiça e ao caos.

Como você tem lidado com a realidade da morte, seja a iminência da nossa ou a fatalidade dos nossos?

Aos colegas pastores, fica a sugestão de tema, texto e video-ilustração!
Que o Senhor nos encontre fiéis e sinceros até o fim.